Wellington Farias

A prisão não são as grades; a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência." Gandhi

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Leto de "seu" Sales e "dona" Ceiça. Nascido em Serraria, no Brejo da Paraíba, em 1956.

5/12/2006

O Caso Franklin Martins

A repercussão da inexplicável demissão de Franklin Martins, da Rede Globo, ganha projeção nacional. No meio jornalístico e entre consumidores qualificados de informação , a indignação é geral. Sobre o assunto transcrevo artigo de Alberto Dines. A propósito, Dines também foi degolado da Folha de S. Paulo por abordar temas que contrariaram interesses da empresa

O achincalhe no lugar do debate sobre a mídia

Por Alberto Dines

É surpreendente a decisão da Rede Globo de não renovar o contrato com o jornalista Franklin Martins no exato momento em que este profissional está sendo alvo de uma abjeta campanha de difamação por parte do McCarthy tupiniquim, Diogo Mainardi.

A mais poderosa empresa de comunicação brasileira abdica publicamente dos critérios de seleção de seus quadros, delega-os a uma empresa concorrente, a Editora Abril, e consagra de forma ostensiva o jornalismo de chantagem batizado em 1960 de "imprensa marrom".

A nota emitida na sexta-feira (5/5) pela Central Globo de Comunicação informa que "a emissora não fará outros comentários mas acrescenta que a não-renovação não tem qualquer relação com colunas de Diogo Mainardi".

Significa justamente o contrário: a Rede Globo manda dizer ao distinto público que é, sim, sensível ao sistema de achincalhes institucionalizado pelo semanário de maior tiragem do Brasil.

De forma lacônica e brutal escancara-se a dura realidade do jornalismo brasileiro: o que vale é o escândalo, a irresponsabilidade. A verdade é o que menos interessa.

Infeliz coincidência

Durante duas décadas Veja foi uma ostensiva extensão dos domínios do ministro, depois governador e depois senador Antonio Carlos Magalhães. A coisa não envolvia apenas matérias de favor, mas outros favores. Mas como o resto da mídia também era dependente da generosidade do vice-rei baiano, calaram-se todos.

Até hoje Veja mantém uma implacável e sórdida Lista Negra que contraria todos os princípios de decência jornalística. Todos os jornalistas brasileiros sabem disso, mas quem manda nos jornalistas não está interessado em desvendar esta excrescência porque cada veículo tem a sua Listinha Negra particular – operada no "andar de cima" ou, quando não, no recôndito das almas de alguns gatekeepers. As exceções são raríssimas.

O caso do afastamento de Franklin Martins da Rede Globo não pode ser encerrado com aquela nota oficial. Transcende à emissora e às suas razões. O método de linchamento mainardiano não pode ser oficializado e convertido em substituto da observação e do debate sobre a mídia.

No exato momento em que se reúne em São Paulo a fina flor do jornalismo internacional [26ª Conferência Anual da Organization of News Ombudsmen, seguida do Fórum Folha de Jornalismo] para discutir a implementação dos procedimentos éticos, uma parte expressiva da imprensa brasileira exibe um espetáculo deprimente.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Car amigo quaderna. A saída de Franklin da Globo não é tão inexplicável assim como pensas. Você leu a penúltima coluna do Diogo Mainardi. Ele é meu louco, mas é louco mais lúcido que já vi.

5:29 AM  
Anonymous Anônimo said...

Lá perderam Franklin. Aqui perdemos todos os dias jornalistas decentes por jornalistas e radialistas fraudes.Em cada esquina tem um shournalista. Lastimável para um país que enfrentou processos de exterminio dos indios na colonização, as barbáries da escravatura, os disparates das ditaduras de Getúlio e a Militar. Tudo isso ainda não foi de um todo passado a limpo e a imprensa continua cada vez mais fétida. Jornalistas só servem para o mercado se forem focas - e manipuláveis, ou se forem shournalistas como esses que empestam as emissoras de rádio concedidas desde o governo Sarney.

1:49 PM  

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